Dia 19 de agosto é considerado o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. Por isso, na tarde desta sexta-feira, foram realizadas atividades em alusão à data na Praça Saldanha Marinho. Serviços socioassistenciais do município se mobilizaram para informar a comunidade acerca dos direitos da população em situação de rua, além de orientações sobre o tema. Projetos sociais também estiveram presentes e realizaram uma distribuição de alimentos.
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), em conjunto com as Casas de Passagem Mundo Novo e Maria Madalena, realizou uma intervenção e entregou panfletos informativos com o tema “Rua Por Quê?”.
– A gente trouxe os principais motivos para essas pessoas estarem nessa situação hoje. A rua não é uma opção, ela é uma consequência, então a gente vem trazendo esse tema para sensibilizar a sociedade de Santa Maria sobre o que é estar em situação de rua. Principalmente sobre o respeito e os direitos dessas pessoas. – explica a assistente social do Creas, Annie Jacques.
O projeto Vida Mãos Solidárias preparou um café da tarde e distribuiu os alimentos para mais de 100 pessoas em situação de rua que passavam pelo local.
– Trouxemos chocolate quente, bolachas, bolo e outras comidas para servir um café gostoso e quentinho porque é necessário. Essas pessoas se sentem esquecidas pela população e nós temos que nos unir para fazer com que isso mude com urgência. – afirma Marili Goulart dos Santos, fundadora do projeto.
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Importância da data
A data foi escolhida em memória ao “Massacre da Sé”, ocorrido em 2004, quando sete pessoas em situação de rua foram assassinadas e oito ficaram feridas enquanto dormiam na Praça da Sé, em São Paulo (SP).
A moradia de rua em Santa Maria conta com cerca de 170 pessoas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚníco). O levantamento é aproximado, já que muitas estão em constante migração e várias não estão cadastradas no sistema. Ysabelle Aguilera, 25 anos, está na casa de acolhimento Mundo Novo e gostou muito da movimentação em alusão à data.
– Estou há um ano em situação de rua e vulnerabilidade. É muito bom a gente ver a preocupação que Santa Maria e as casas de passagem tem com a gente, isso é muito acolhedor. É importante a sociedade entender e compreender a nossa situação porque ainda sofremos muito preconceito – relata Ysabelle.
Everson dos Santos Bitencourt, 48 anos, esteve em situação de rua por cinco anos e agora está há um ano na na Casa de Passagem Mundo Novo. Para ele o apoio dos serviços é essencial e as atividades foram fundamentais.
– Quando eu estava na rua e reciclando as pessoas me olhavam diferente, por você estar mal vestido, sujo ou por estar trabalhando com isso. Muitas vezes me senti constrangido. A ação hoje é muito boa, pois quando eu não estava nesse mundo eu também tinha essa visão. Só quando eu entrei nessa situação que percebi que essas pessoas são seres humanos. – destaca Everson.
Outras ações
Durante a manhã desta sexta-feira, também ocorreu o 1º Seminário Alusivo ao Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, na Câmara de Vereadores. O evento contou com a participação do Ministério Público e com profissionais de políticas de saúde e assistência social para debater sobre o atendimento dessas pessoas e sobre como a política pública está se organizando em torno deste tema no município.
No sábado as atividades continuam, das 15h às 16h, com o café da tarde na Rua Alberto Pasqualini. As ações fazem parte do seminário “O Direito de Lutar Por Direitos” promovido pelos projetos Café da Tarde Social e O Pouco que Vale Muito, de Santa Maria.
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